segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Hora de andar


Tenho aprendido muito sobre o momento de partir nesta viagem. É fácil a tendência a querer ficar onde as coisas vão bem, sei onde comer bem e barato, como chegar na praia que eu gosto, tenho amigos, ou seja já me viro. Mas este não é o intuito da viagem. Arriscar, buscar o novo, fuçar, estes sim são alguns objetivos. Um lugar novo sempre tem a chance de dar certo ou não... e uma parte minha prefere não correr o risco. A outra, que anda super valente, fala calmamente que é preciso conquistar mas sem se apegar, ser livre, para ser inteira. Sinto a coceirinha que diz que é hora de ir.
Essa parte corajosa anda feliz com o desenrolar da viagem, tenho passado por lugares incríveis, aprendido muito, em primeiro lugar de mim mesma, depois de agricultura, alimentação, cultura, tudo aquilo que eu buscava (e muito mais...). Mas principalmente tenho conhecido muita gente maravilhosa no caminho. No final acho que o mais rico é essa troca com outro ser humano, na hora que dois mundos diversos se encostam e eu absorvo um pouco do outro e ele de mim. Não importa quanto seja, sempre saio diferente (pra melhor!) quando faço um novo amigo.

Vou embora da Puglia muito mudada, muitas pessoas, conversas, músicas, comidas me tocaram profundamente. Aqui foi onde, até agora, estive mais perto do verdadeiro espírito slow food que procuro. Aquele que para mim é verdadeiro, de pessoas que simplesmente vivem, respirando uma forma genuína de tratar a agricultura, a alimentação, a tradição. Simples e saborosa...

Termino hoje com uma conversa que tive com o Roberto outro dia a caminho do mar. Ele me falava de um outro sentido que temos quando se trata de saborear o alimento. Não é o olfato, visão, paladar ou textura (tato), mas é todos juntos ao mesmo tempo. Não é uma coisa física, que se pode medir ou ajustar, mas dependendo pode te fazer arrepiar ao comer ou simplesmente sorrir, feliz... Tem  a ver com a forma como o alimento foi preparado, depende da pessoa que o fez se estava realmente presente naquela ação ao fazê-la. Ela tem que estar contente, se não não é possível temperar com este sabor. Pode-se dizer que é cozinhar com o coração, ou seguir sua intuição, depende do estado da alma. Tem que fazê-lo com carinho e respeito, pela terra e pelo alimento. Depois tem que cozinhar numa espécie de dança, o gesto, a forma como joga o sal ou tempera, o movimento com as colheres, a fluidez dentro da cozinha, a alegria. Assim a comida feita vira a expressão de sua arte, sua forma de mostrar fora algo que vai dentro. Mesmo que seja um jantar só para você mesmo.


Parto já com saudades da família Polo. Aqui Roberto, Stefania e eu, curtindo o mar azul de Salento.
Vou levada pelo vento à Sicília. Sem muitos planos confesso, com uma vontade enorme de viajar de bicicleta e comer cuscus... ah e de conhecer a árvore do pistache!


4 comentários:

  1. Se joga!!! To adorando acompanhar a sua viagem!!
    Saudades! Beijos

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  2. Estou viajando junto com vc, Teresa. Estou amando o seu blog..Parabéns..Dinéa. Moro em BH e já fui à Italia, mas não estive nestas cidades, e fiquei pouco tempo... dá vontade de voltar e curtir muito..Quem sabe um dia...

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  3. Ei Dinéa, sempre é possível né? se eu vim, penso que todos podem! é sonhar...e uma hora as portas se abrem...

    valeu!

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